terça-feira, 11 de novembro de 2008

O medo que me corroi



AndCor do textoam a corroer-me os dias, a assombrar-me. Como se também o medo me carcomesse. Do mesmo modo dos caminhos mas sem a restituição da carne nova. Não faltará muito para que minha carne fique desnudada, sarando-se com a carne nova. Não faltará muito para um novo caminho. Sete meses, e três anos se completam. Vou partir para o deserto e anseio muito cultivar. Anseio muito envolver as mãos na terra seca. Anseio muito caminhar com um canto nos lábios e uma estrela na fronte, com cristo no rosto. Não, não é a aridez do deserto que me assombra. O medo que me carcome não pertence ao desconhecido, o medo que me carcome pertence à inevitável e futura ausencia daqueles que me eram intrínsecos. Não são as paredes, são os rostos, e os abraços, e as palavras.
Nestes três anos quase completos voei como nunca antes, o sabor das amoras, a alegria do mundo. Salvaram-me alguns abraços, e dei a salvação a muitos dos que me abraçaram. Nestes três anos aprendi a COMUNHÃO. É incomensurável tudo o que já me entregaram, as mãos que já me estenderam, as vezes que já me embalaram. E há pessoas que aprendi a serem minhas. Que amo tanto, que mesmo vivendo no desassombro, a inevitabilidade da sua perda me corroi. Me esgravata o corpo impetuosamente .
Por estes dias fecho os olhos e desejo fervosamente Sião. O lugar onde somarei todas as carnes carcomidas.

2 comentários:

Juca disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Juca disse...

lembra-te que o céu onde voas não tem fronteiras. e que as pessoas que te abraçam para repousares as asas estarão sempre de braços abertos para ti.

abraço grande