domingo, 27 de abril de 2008

25 de Abril, a possibilidade de dizer BASTA


No dia 25 de Abril de 1974, ganhamos nós, portugueses, a liberdade e a vontade honesta de querer ganhar e gritar dos nossos sonhos, mais ganhamos a possibilidade de nos resignarmos e dizermos BASTA contra aqueles que tentam calar-nos. Sempre acreditei e tentei viver neste ideal que me foi concedido por pessoas que tanto lutaram, e custa-me demais que haja ainda quem não se resigne e quem prefira viver sem a conquista dos próprios sonhos. Não pude aceitar, naquela tarde, que alguém sem a minha permissão me tentasse amputar a possibilidade de ser campeã nacional de juvenis femininos, quando eu própria ainda podia consegui-lo. Vi umas das pessoas que mais admirava, tirar das minhas mãos a hipótese de continuar. Tudo por arrogância e por presunção, e não pela inteligência que eu tanto admirava. Calar-me, depois de um 25 de Abril, significaria que concordar, significaria sentir o sabor salgado das lágrimas e nem poder olhar me e levantar a cabeça como quem não peca contra si próprio. No meio dum choro pegado, tentei não me resignar, tentei não dar tempo a quem quer que fosse de me tapar os olhos, tentei não me tapar os olhos, provavelmente doer-me-ia menos.
Passou um ano desde então, o mesmo se repete, mas desta vez e para que se não repita a choradeira, as jogadoras permitem que lhes tirem o suor da conquista em troca dum título que dizem ser delas. Como se nem uma única dor, se nem um pouco de cansaço derramaram para que tudo fosse possível? O que mais me espanta é a falta de humildade e de coragem para se assumirem, em vez disso submetem-se a permanecer caladas em troca de uma medalha e uma pose na fotografia de grupo. Quanto a mim continua a ser uma desvalorização dos caminhos.
Por mais que continue a chorar todas as noites, por mais que o desporto que tanto amo não faça sentido, ganhei. Ganhei-me. E fiz ganhar todos aqueles que lutaram para que hoje houvesse um 25 de Abril.

sábado, 26 de abril de 2008

"- Diz-me o que achas da saudade, sinceramente.
- Parece-me sempre péssima, nunca nos conseguimos entregar verdadeiramente à felecidade enquanto sentimos saudades..."

É tão fácil dizer aquilo que se pensa, mas sentir aquilo que se pensa e diz...