domingo, 22 de junho de 2008

Minha querida Inês

Finalmente tempo! Queria pedir desculpa à minha querida Inês Viterbo por uma resposta tão tardia mas que ainda assim não vem tarde, aliás é sempre tempo de discutir ideias. A história do copianso e das queixinhas parece me absolutamente ultrapassada, a justiça, essa jamais se ultrapassa. E é exactamente sobre essa justiça que em nada é ultrapassável que te quero falar hoje. Concordo contigo Inês, a “justiça ajusta”, mas a justiça não SE ajusta a qualquer coisinha. Existem princípios e critérios que ela segue, pelo menos na minha perspectiva, ela ajusta-se à ética e à verdade ou não é assim? E mais a justiça não é comparativa, nunca foi. E não é comparativa pela simples razão de que não há duas situações iguais, não há dois alunos iguais, ou dois criminosos. Mais, muitas vezes aquilo que julgamos que aproxima as situações distancia-as. Percebo que o sistema em que vivemos pelo menos nas escolas se faça assim (não concordo mas percebo), por comparações sucessivas, e sinceramente talvez seja por isso que as injustiças apareçam tantas e tantas vezes. Se olhássemos a justiça como algo que se encontra já definido( não estanque, inalterável mas definido), que tem os seus princípios (princípios éticos e morais) aos quais se ajusta, se conseguíssemos olhá-la como algo modelador e não como algo modelavel, talvez as coisas fossem diferentes. A nossa tendência é precisamente a inversa, é modifica-la ao sabor das nossas necessidades. O facto de inflacionarmos as notas para que tudo se torne mais justo é por si só uma injustiça. Primeiro porque não somos os únicos alunos do país, não somos os únicos que precisamos de médias para entrar na faculdade, neste caso alguém sai prejudicado, se não formos nós serão todos os outros alunos portugueses. E em segundo lugar porque distorcemos completamente o valor da justiça. Se nos parece injusto que um professor suba a nota a um aluno como podemos concordar que nos suba a nós também? É a lógica de ele pode roubar desde de que eu também possa? Contentamo-nos com tão pouco assim? Permitimos que alguém seja sobrevalorizado na condição de que nós mesmos também sejamos? Incongruente. Se a justiça me diz que é errado subir notas, não posso pensar que é mais correcto só porque me sobe a mim. Temos ainda o problema das comparações, as minhas características são absolutamente diferentes das do outro aluno, e provavelmente, nem sequer temos atitudes comparáveis, sim porque nem tudo na vida tem de ser comparável. Dois assassinos nunca são julgados por comparação entre eles, mas sim pela gravidade do seu acto ao abrigo de uma lei já em vigor. Entendes?
Crescemos muito nas nossas ideias não foram Inês? E ainda bem que não concordamos em tudo, é sempre um prazer discutir ideias com alguém que me acrescenta tanto como tu.

Beijinhos

3 comentários:

Inês Viterbo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Inês Viterbo disse...
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Inês Viterbo disse...
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