quarta-feira, 12 de março de 2008

Basta um sonho



Às vezes a vida parece fugir-nos, com os nossos próprios pés. Também eles fogem, para bem longe, bem longe de nós. Respiramos apenas e corremos, já sem pés atrás dela. Ou então esperamos que ela se cansa de viver fugida e volte de novo a casa. A casa que construímos juntos, dias felizes. É uma espera verdadeira, pensamos nós, digna de quem não tem sede de ser feliz afinal, digo eu. De quem não tem sede de sonhar, de quem não quer ver naquele pedaço que nos foge um motivo suficiente que desinstale, da comodidade, ou morte, que é vivermos parados. Vermos a dinâmica que nos envolve, e mesmo assim, e apesar de já sem pés, não termos a coragem de gatinhar atrás daquela que um dia nos fez amar tanto. Não termos o desassombro de perceber que a vida pode ser suportável mas nunca suportada. De cada vez que damos um passo lutamos por nós, será que não basta? Mesmo que o querermos não tenha nenhuma relação causal com o conseguirmos, pelo menos não no imediato, mesmo que haja quedas, não valerá a pena sonhar? O sonho é vida e mesmo quando pensamos que sonhar é estar parado, sem sabermos, a vida pela qual corremos atrás, vive escondida, em nós, nos nossos sonhos.

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